Tem um monstro no meio da história
Os casos e as fabulações, em
que relatos ganham elementos de ficção, são uma marca das narrativas infantis e
fazem parte da evolução cognitiva
Ficção e relato de experiências
vividas são gêneros diferentes, mas, nos primeiros anos de vida, é comum que se
combinem nas narrativas
infantis, como apontou a linguista Maria Cecília Perroni no livro Desenvolvimento
do Discurso Narrativo. Segundo ela, no entanto, esse recurso não deve ser
entendido como um problema de falta de clareza entre o real e o imaginado. Ao
contrário: é preciso encará-lo como um dos elementos mais importantes para o
desenvolvimento cognitivo e afetivo dos pequenos. O que se testemunha nesse
tipo de construção é justamente o nascimento do discurso narrativo - uma das
principais estruturas de expressão de qualquer pessoa e uma essencial troca
comunicativa.